Parece que há por aí uma malta descontente, uma amálgama heterogénea de gente jovem que finalmente está disposta a lutar pelo que é seu, malta que partilha entre si o descontentamento e a vontade de dizer basta. Malta que para mal de muitos, os que gostam de tudo catalogar, não se está a deixar entrincheirar, não pertence a sindicatos, jotas, nem tão pouco associações, são apenas malta, em que cada um responde por si próprio e que tem a ousadia de querer ter uma voz activa na politica e no futuro do seu país.
Malta que assume um discurso inovador de promoção do mérito, que considera a única forma justa de ascensão social, num país onde as cunhas, amiguísmo e compadrio tem sido a regra. Malta que apenas pede que o seu trabalho seja dignificado, pois se o país pode ter gestores públicos e políticos tão ou mais bem pagos do que no resto da Europa, tem de ter capacidade para também pagar ordenados justos a quem trabalha e produz. Malta que quer regular a subcontratação, porque muita dela fomenta a precariedade e tem uma distribuição injusta dos rendimentos produzidos pelo seu trabalho.
Malta que quer deixar de ser a maior prejudicada pelo desgoverno do país dos últimos anos, como aqui e aqui, do qual foi a menos responsável. Malta que está cansada da corrupção e de pouco se fazer para a combater. Malta que quer ter acesso ao poder, mas que não está disponível para o carreirismo partidário, até porque não se identifica com os partidos do arco do poder. Malta que não tem nada contra a geração dos nossos pais, até porque não é ingrata, mas que quer derrubar quem dela emergiu para nos desgovernar e para se governar. Malta que está disposta a fazer sacrifícios, mas que quer algo em troca, quer ter esperança e um futuro, algo que era seu por direito e lhe foi surripiado.