Sentado na mesa dos fundos, conservador nos gostos, pedia sempre o mesmo, o costume, enquanto isso observava (controlava) quem pela porta entrava, esperava secretamente por ela, mas ela nunca mais entrou desde que o deixou. Homem demasiado novo para o rosto usado de aspecto enrugado que possuía, a cada ruga correspondia uma mulher, eram as suas cicatrizes, as provas de seu amor que por elas sentira e que entretanto passara, deixando o rasto. O culpado tinha sido sempre o mesmo, o seu coração juvenil, imaturo e sempre voluntarioso, adicto em sentimentos fortes que invariavelmente provocavam ressacas, cada vez mais fortes, no seu corpo já de si fragilizado. Mas tinha chegado o tempo de dizer basta, já não dava para suportar mais, pensou em suicídio, mas acobardou-se à ultima hora, estava indeciso na forma de executar e tinha horror a sangue e pavor a sofrimento, engendrou então um plano de envenenamento selectivo silencioso do culpado, mas em vez de cicuta optou por cloreto de sódio, encontrava-se mais fácil, comprava-se na mercearia, trazia sempre quatro pacotinhos no bolso que despejava, duas vezes por dia, a gosto, por cima do costume, até este deixar do ser.